FINDECT REPUDIA REPORTAGEM DO JORNAL NACIONAL E DEFENDE CORREIOS COMO PATRIMÔNIO ESTRATÉGICO E ESSENCIAL PARA O BRASIL


Publicada dia 25/11/2025 16:35

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Os sindicatos filiados à FINDECT manifestam profundo repúdio à reportagem exibida pelo Jornal Nacional no último dia 24/11, que divulgou reportagem sobre os Correios sem apresentar o devido contexto histórico, econômico e regulatório que explica a atual situação da empresa. O conteúdo exibido desinformou a sociedade, ignorou dados comprovados e reforçou uma narrativa que alimenta pressões políticas pela privatização da estatal.

Ao contrário do que foi apresentado, os Correios possuem um dos maiores índices de presença territorial do país e prestam serviços essenciais que nenhuma empresa privada assumiria — especialmente nos municípios mais distantes, onde a operação é deficitária, mas necessária para garantir cidadania, inclusão e integração nacional.

Por isso, a FINDECT reivindica direito de resposta no mesmo telejornal, para apresentar os fatos reais e defender a categoria de trabalhadores e a importância estratégica dos Correios para o Brasil.

Correios: 18 anos de lucro e mais de R$ 13,8 bilhões entregues à União

A reportagem omitiu que, entre 2000 e 2025, os Correios tiveram lucro em 18 de 27 anos. Corrigidos pela inflação (IGP-M), esses resultados representaram R$ 13,8 bilhões entregues aos cofres públicos. Ou seja, mesmo com os déficits recentes, a União acumulou retiradas significativas de dividendos, fortalecendo o caixa do governo às custas da própria empresa.

A queda de receitas registrada nos últimos anos não se deve à incompetência da estatal nem à sua estrutura pública, mas sim:

⦁ às rápidas mudanças no mercado do e-commerce;
⦁ à concorrência desleal de plataformas internacionais;
⦁ a alterações normativas que retiraram dos Correios parte relevante das remessas internacionais;
⦁ à ausência de investimentos federais durante décadas;
⦁ a decisões administrativas equivocadas de gestões anteriores.

Nada disso foi mencionado pela emissora.

Universalização: o compromisso que as empresas privadas não assumem

A reportagem destacou que “89% das agências são deficitárias”, citando esse dado como justificativa para fechamento de unidades — mas ignorou que esse índice não é sinal de má gestão, e sim consequência do modelo de serviço postal universal, uma determinação legal que assegura atendimento em todos os municípios brasileiros, inclusive os mais remotos.

O que é, por lei, obrigação da estatal, nenhuma empresa privada aceitaria cumprir. E isso explica por que os Correios têm uma capilaridade única, presente em milhares de localidades onde não existe sequer banco público.

As regras de universalização determinam:

⦁ atendimento em todos os municípios do país;
⦁ prazos, frequência de entrega e padrões de qualidade;
⦁ tarifas acessíveis, justas e compatíveis com a capacidade de pagamento da população;
⦁ manutenção de agências nos municípios onde a operação é deficitária;
⦁ garantia de acesso a serviços essenciais sem discriminação geográfica.

O setor privado atua apenas onde é lucrativo. Os Correios atuam onde é necessário.

Concorrência desleal e mudanças na legislação prejudicaram o caixa da estatal

Outro ponto ignorado pelo Jornal Nacional foi o impacto das mudanças regulatórias sobre o comércio eletrônico internacional.

Entre 2023 e 2025, normas federais alteraram completamente a distribuição das remessas internacionais:

⦁ A Portaria 1.086/2023 retirou dos Correios a prioridade no desembaraço de pequenos pacotes.
⦁ A mudança na Portaria 156/1999 ampliou a base de cálculo do imposto de importação, fazendo com que plataformas estrangeiras passassem a operar com recolhimento antecipado via sistemas privados, como o Remessa Conforme.

Essas alterações deslocaram o fluxo de milhões de encomendas para concorrentes privados, enquanto os Correios continuaram atendendo regiões onde ninguém mais atua.

Essa “perda artificial” de receita foi ignorada na reportagem.

FINDECT rebate às declarações do professor Márcio Holland

A matéria reproduziu a fala do professor Márcio Holland (FGV–SP), que afirmou:

“Os próprios Correios informam que 85% para mais desses pontos são deficitários. Então tem que fechar muitos desses pontos. É fundamental isso.”

A FINDECT considera essa declaração tecnicamente equivocada e socialmente irresponsável.

Fechar agências deficitárias significaria:

⦁ abandonar milhões de brasileiros em regiões isoladas;
⦁ romper a política de universalização definida em lei;
⦁ aprofundar desigualdades regionais;
⦁ comprometer serviços públicos essenciais;
⦁ acelerar a privatização como único desfecho possível.

O caráter deficitário das unidades não revela ineficiência, mas sim compromisso público. O fechamento proposto pelo economista representaria um ataque direto ao direito dos brasileiros à comunicação, à logística e aos serviços governamentais prestados pelos Correios.

Correios entregam o que nenhuma empresa privada entrega

O que a matéria também omitiu:

⦁ distribuição de 30 mil toneladas de donativos no RS em 2024;
⦁ entrega de mais de 200 milhões de livros didáticos em todo o país;
⦁ logística completa do ENEM em 1.700 cidades;
⦁ devolução de valores a 4 milhões de aposentados vítimas de fraudes;
⦁ emissão de CPF em parceria com a Receita Federal;
⦁ operação do Vale Postal;
⦁ único ponto físico do Estado em milhares de municípios.
Isso não é “prejuízo”. É missão pública.

A FINDECT reafirma: os Trabalhadores e os Correios merecem respeito

A FINDECT reitera sua defesa incondicional dos trabalhadores e da empresa pública. Repudia qualquer tentativa de construir uma narrativa de ineficiência para justificar privatização ou fechamento de agências.

Solicitamos oficialmente que a Rede Globo conceda direito de resposta, para que a população tenha acesso aos fatos completos e esclarecidos.

Os Correios são patrimônio nacional e só continuarão cumprindo sua função social com investimento, gestão responsável e compromisso público — não com ataques distorcidos na mídia.

Ofício Nº SGD 620-2025 – Solicitação de Direito de Resposta e Contestação à Reportagem do Jornal Nacional sobre os Correios

Fonte: FINDECT

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