PALAVRA DO PRESIDENTE: O BRASIL PRECISA DOS CORREIOS, E OS CORREIOS PRECISAM DO BRASIL
Publicada dia 13/05/2019 21:39
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PUBLICADO EM 13 DE MAIO DE 2019
Recentemente, o General Juarez Cunha, Presidente dos Correios, escreveu um texto sobre a importância dos Correios para o Brasil. Como trabalhador da empresa há mais de 40 anos e representante da Classe Ecetista há mais de 33, não poderia estar mais de acordo com o que afirma o Presidente, contudo, sinto a falta de um posicionamento: a importância dos Correios como uma empresa Estatal.
Em seu texto, o General realça fatos como a importância do serviço postal, a capilaridade dos Correios em todos as 5570 cidades do país, sendo que, em alguns municípios, é o único representante da União presente. Diante de tamanha representatividade e presença nacional, fica o questionamento: Como entregar uma riqueza do tamanho dos Correios à iniciativa privada?
Estamos falando sobre uma empresa que gera mais de 104 mil empregos diretos e 300 mil indiretos. A ECT é um gigante com de 353 anos de história, que movimenta meio bilhão de objetos por dia, possui 25 mil veículos nas ruas rodando 1 milhão de quilômetros diariamente e 55 mil carteiros que, juntos, percorrem 671 mil quilômetros a pé, de bicicleta ou de moto. Vale ressaltar que a ECT se destaca entre os maiores Correios do mundo, sendo o 9º maior empregador, o 12º em número de agências e o 16º com maior faturamento.
A estrutura colossal dos Correios demanda mais do que um grupo de empresários com interesses em resultados, afinal, seu compromisso não é apenas com os lucros, mas com os direitos dos cidadãos brasileiros de se comunicar e dar acesso à serviços públicos importantes.
Mesmo com todos os desmandos e trâmites políticos que enfraqueceram a reputação e qualidade dos serviços da ECT, a empresa continua dando bons resultados, é autossuficiente em termos orçamentários (não demanda repasse de verbas federais) e ainda cede dinheiro para União. Entre 2007 e 2013, os valores repassados pelos Correios à União ultrapassaram 7 bilhões de reais. Mesmo o mais neoliberal dos políticos (dentre os que possuem um mínimo de senso, é claro) precisa concordar que não se deve vender uma empresa que seguirá crescendo e aumentando seus lucros pois isso significa perder dinheiro ao longo dos anos. Não há valor de mercado atual que pague a lucratividade da ECT a longo prazo.
O argumento mais favorável à desestatização é a “crise” nos Correios, contudo, vale a pena par ao Estado Brasileiro abrir mão de uma empresa que consegue repassar 7 bilhões aos Cofres Públicos durante seus piores anos? Como o atual comando político do país não vê prejuízos para a soberania nacional ao abdicar de uma empresa desse porte?
A política de privatizações estabelecida pelo Governo Bolsonaro pretende desonerar os cofres públicos e entregar Estatais à iniciativa privada, entretanto, essa lógica é impossível de se aplicar aos Correios. E quem demonstra que falta coerência na privatização da ECT é seu próprio Presidente ao apresentar a magnitude da Empresa e escrever um texto reafirmando a importância dela para o país.
Não será possível cobrar da iniciativa privada o papel exercido pelos Correios no direito à comunicação em todo o Estado Brasileiro. É ilusório pensar que empresas irão manter agências e unidades deficitárias em prol do direito do cidadão brasileiro. Tampouco se espera que os grupos interessados na aquisição mantenham nos Correios seu caráter de serviço social para a União. Lembre-se, além das cartas e encomendas, a ECT oferece o Banco Postal, distribui vacinas e medicamentos nos postos de saúde e hospitais, leva as provas do ENEM para as escolas em que são aplicadas e servem de órgão emissor de documentos.
Sem dúvidas, o Brasil precisa, e muito dos Correios, contudo, sua importância é muito significativa como agente de cidadania no Brasil. Como representante de uma grande parcela dos Ecetistas e de suas famílias (que estão temerárias por seus postos de trabalho), pedimos a reflexão do Sr. Presidente da República e também de toda a população brasileira: Quem ganha com a privatização? Me parece bem claro que não será a população brasileira.
Fonte: FINDECT